A recente concentração de fortes chuvas em Pernambuco provocou cheias e calamidade em diversos municípios. Veja aqui o histórico do fenômeno, o alerta que foi feito aos municípios na véspera das chuvas e as medidas que estão sendo tomadas para atender as populações atingidas, evitar novas catástrofes e reconstruir as cidades mais impactadas pelas enchentes. Veja também como você pode auxiliar, somando esforços às ações empreendidas pelo poder público e ao apoio conjunto da sociedade.

SES cadastra e vacina animais nas áreas atingidas

As fortes chuvas que atingiram 67 municípios em Pernambuco não trouxeram sofrimento apenas para a população. Muitos animais morreram e outros se perderam dos seus donos. Em paralelo ao atendimento das famílias vítimas das enchentes, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) realiza na Mata Sul o cadastramento, a vacinação e o recolhimento de animais abandonados. O trabalho ocorre em parceria com profissionais da Vigilância Ambiental Municipal de Recife, Jaboatão, Camaragibe e Olinda.

“Quando iniciamos o acompanhamento das áreas da Mata Sul, visitando abrigos, começamos a ver uma quantidade muito grande de cães e gatos convivendo nesses locais. Alguns fizeram um esforço grande para salvar seus animais domésticos, além dos pertences. Então também realizamos um trabalho de orientação em relação a eles”, conta a gerente de Prevenção e Controle de Zoonoses e Endemias da SES, Nara Arruda.

As equipes registram os animais das ruas e dos abrigos fazendo a marcação com coleiras e verificam se eles têm donos. Já foram cadastrados 333 animais nas cidades mais afetadas, sendo 275 em Barreiros e 58 em Palmares. Se ninguém assumir a responsabilidade pelo cão ou gato, ele é levado para um dos Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) da Região Metropolitana do Recife. Até agora, 2 cães e 8 suínos foram apreendidos.

No CCZ, eles serão avaliados clinicamente por veterinários e, quando sadios, são destinados à adoção. Os bichos com proprietários são mantidos junto a eles. “Seria muito traumático separar esses animais dessas famílias, que já estão numa situação difícil. Nós estamos orientando as pessoas para que eles sejam mantidos presos porque estão no mesmo espaço de convivência. Os riscos à saúde advindos desta situação são diversos, visto que os animais são hospedeiros e reservatórios de diversas doenças. É preciso evitar contato com fezes e urina ou que eles deitem nos colchões”, observa Nara Arruda.

O intuito é evitar a transmissão de zoonoses (doenças adquiridas em contatos com animais) como raiva, leptospirose, verminoses e problemas de pele como sarna e fungo. Outra preocupação é em relação à alimentação dos animais. Em algumas situações, os donos chegam a dividir seus alimentos com eles.

RAÇÃO – Na manhã desta terça-feira (20/07), a SES recebeu uma doação que irá minimizar o problema da falta de alimentação para os animais: 1,5 tonelada de ração entregue pela Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA). A ONG vai ceder ainda 500 doses de vacinas para serem aplicadas nos cães que estão em contato muito próximo com seus donos nos alojamentos.

LEPTOSPIROSE – Desde o pico das enchentes (17 de junho) até agora, a SES notificou 175 casos de leptospirose em Pernambuco que podem ter relação com as chuvas. Desses, 13 foram confirmados, 145 estão em investigação e 17 foram descartados. De janeiro até agora, apenas 1 óbito foi confirmado. Esse óbito ocorreu no município de Paulista, no início do ano – portanto, sem relação com as chuvas.

Uma ação de desratização está sendo realizada também nas áreas não atingidas pelas enchentes para coibir a migração dos roedores, principais transmissores da leptospirose. Os ratos disseminam ainda outras doenças, como salmonelose, peste, meningite eosinofílica, além dos riscos de agressões.

“Assim como a população, os roedores estão migrando para as áreas menos afetadas pelas chuvas. E a tendência é que eles se desloquem para as proximidades dos abrigos, onde há acúmulo de pessoas, lixo e outros materiais. Essa situação favorece a proliferação dos ratos”, avalia Nara Arruda. Com produtos químicos que combatem os animais indesejados, a SES está formando uma espécie de barreira para evitar essa evasão.

DENGUE – Desde o início do ano até agora, a SES notificou 29.614 casos de dengue clássica, dos quais 4.820 foram confirmados. Os dados representam um aumento de 432,43% em relação ao mesmo período de 2009, que notificou 5.562 casos, confirmando 1.189 destes. Também foram notificados 223 casos suspeitos de dengue hemorrágica em 2010, e 31 casos confirmados.

A SES tem registros de 51 óbitos suspeitos de dengue, com confirmação de 3 mortes, todas de residentes do Recife. “Embora estejamos observando uma redução semanal nas notificações desde o mês de junho, a situação ainda é preocupante e exige total esforço das esferas públicas e a parceria de toda população”, salienta a gerente.

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